Antes de falar sobre vídeos no estilo Whiteboard, ou “Draw My Life”, como são conhecidos, eu vou contar uma história…
Em um dia de sol, Antônio nasceu. Parecia que o mundo já sabia a alegria que ele viria a trazer para aqueles que o conhecessem. Ele foi crescendo, sempre muito sonhador. Assim, quando tinha por volta dos seis anos de idade, adorava brincar de cavaleiro medieval. E se imaginava entrando em um grande castelo para derrotar um rei malvado. E era o que ele queria ser quando crescesse, um corajoso cavaleiro de armadura. Bom, pelo menos era isso aos seis anos. Aos oito, ele queria ser astronauta. Aos dez, espião, aos doze, piloto de avião, na faculdade, médico.
A chance mais próxima que ele via de ser um herói dentro dessa realidade que o engolira. E foi quando colocou o jaleco e a luva pela primeira vez, que voltou a sentir que poderia fazer grandes coisas.
Antônio e Amélia
Conheceu Amélia aos 21 anos. Era um dia de tempestade e ele deu uma carona para ela em seu guarda-chuva. Combinaram de sair em um dia de sol. Saíram, foi perfeito, mas estava frio. Então resolveram sair também em um dia de calor, depois em um dia de chuva, só para relembrar de quando se conheceram. E foram tantas as desculpas para se encontrarem, que logo passou primavera, verão, outono, inverno…
Dentre as tantas coisas que Antônio e Amélia gostavam de fazer juntos, uma delas era ir a praia, deitar na areia e observar as gaivotas. Viam como uma gaivota deslizava pelo céu, o contraste do ponto branco com o azul. Imaginavam para onde ela iria contornando uma imensa curva de Norte a Sul. Logo, os dois se imaginavam voando juntos pelo mundo, cruzando oceanos e conhecendo lugares como Havaí, Pequim ou Istambul. Assim, não demoraram muito e começaram a sonhar em conhecer lugares viajando em um barco a vela, vendo o azul do mar e do céu se encontrarem no horizonte.
A vida adulta e suas adaptações
Algum tempo depois, viram que a viagem dos seus sonhos não seria possível. Então se contentaram com uma viagem de avião para o Nordeste. E foi um avião cor de rosa e grená, com luzes coloridas, que os levou a deslizar pelo céu, e foi indo sereno até pousar.
A viagem foi linda, mas tiveram que partir dali, dessa vez em um navio, de volta para a rotina que os esperava. E a vida real adulta estava ali, esperando por eles. De vez em quando eles bebiam com os amigos e ficavam de bem com a vida. Mas as viagens passaram a ser apenas as de trabalho. E elas eram tão rápidas, que parecia que o mundo era pequeno, e que era fácil e rápido passar de um lugar para outro. Os trabalhos “mais heróicos” de Antônio foram desaparecendo para que ele pudesse se sustentar, as outras viagens tiveram que esperar.
No final de sua vida, Antônio se lembrou do menino que era e do cavaleiro que um dia ele sonho em ser. E que agora nem sequer conseguia passar pelo muro do castelo. E esse muro não o deixa ver quando foi que o tempo passou, quando foi que ele perdeu o controle da sua vida e do seu futuro, quando foi que tudo mudou. As únicas provas que tinha do tempo passado eram as memórias. Memórias boas, outras nem tanto.
E foi então, pouco tempo antes da desconhecida passagem que o esperava, que ele percebeu como seus sonhos foram cada vez mais sendo deixados de lado. Foram ficando cada vez menores para caberem na realidade… Até que desapareceram.
O porquê da história no Draw My Life
Talvez você tenha percebido, talvez não, mas eu construí uma história com base nos elementos “desenhados” na música Aquarela, do Toquinho (destaquei alguns para te lembrar do começo, mas todos estão lá). E fiz isso com um objetivo. Mostrar como imagens desenhadas na nossa cabeça são poderosas. Essa música é, de certa forma, muito mais visual do que as outras. Quando você escuta ela, você quase visualiza uma imagem.
E uma única imagem oferece várias possibilidades de criação. Assim como de construção de histórias, de oportunidades de viajar, de imaginar. Eu poderia muito bem criar uma história totalmente diferente, com os mesmo elementos. E é esse o poder de um texto mais visual. O poder de trazer mais ludicidade e aumentar a imersão dentro de um conteúdo.
Mas o que fazer se o texto for mais técnico?
Se o texto for mais técnico, dando pouca abertura para construção de imagens e imersão no assunto, você precisará de uma força. Assim sendo, quem pode te dar essa força é o Draw My LIfe. Um conteúdo mais técnico dificilmente vai desenhar imagens na cabeça das pessoas. Assim como faz a música do Toquinho, então é o vídeo que vai ter que desenhar.
E por que a construção de imagens é tão importante?
Para começar, o ser humano sempre teve a necessidade de contar e representar histórias através de imagens. O processo de assimilação e retenção da informação de uma imagem acontece de forma emocional e subliminar. E, por isso, é bem mais fácil do que o de uma palavra. Devido à força que ela tem para transmitir ideias ou conceitos, a imagem se torna elemento estrutural essencial em processos de comunicação diretos e didáticos. Ela reforça a intenção da mensagem e amplia a sua permanência em nossos pensamentos. Forças que o Draw My Life entrega para seu vídeo.
E para conseguir deixar uma mensagem marcada através de imagens na mente das pessoas, não precisa ser uma coisa super elaborada. Desenhos simples, como os do Draw My Life conseguem muito bem passar a mensagem. Até porque, como já dizia Toquinho, “com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo” (eu nunca consegui fazer isso, mas confio nele).
No começo da música, se você for ver, as palavras que constroem as principais imagens foram usadas no sentido literal. Assim como aconteceu na história. Ou seja, um castelo era realmente um castelo, e um guarda-chuva era realmente um guarda-chuva. Já no final, aparecem palavras com sentido figurado, como é o caso do “muro”. Que na música está mais aberto a interpretações de significado e que na história representa uma vida restrita, sem sonhos,
Ou seja, as imagens oferecem diversas opções para representação. Afinal, em um vídeo de Draw My Life essa característica pode ser aproveitada. Um muro, por exemplo, pode ainda representar o muro de tijolos da sua casa. Além de poder representar dificuldades, obstáculos, e por aí vai… É isso que vai decidir o nível de criatividade do vídeo.
A Aquarela do conteúdo
Concluindo, a história que criei com base nos elementos de Aquarela conta sobre um menino que foi perdendo a imaginação e a habilidade de sonhar conforme foi crescendo. Os desenhos são tão queridos pelas pessoa na infância. Mas então elas crescem e esquecem como eles podem ser criativos e didáticos. Portanto, eu acredito que o que torna o “Draw My Life” tão atraente e querido pelas pessoas. Seja sua capacidade de nos fazer lembrar de como os desenhos são importantes para nos entreter. Além de nos ensinar e nos encantar, como era na infância.
Sendo assim, não é bom que um conteúdo seja passado de uma forma muito dura, muito técnica e monótona. Isso porque, se passado dessa maneira, seu público pode até começar interessado nesse conteúdo. No entanto, conforme ele vai sendo apresentado, maiores são as chances do interesse desse público ir diminuindo. Até… que descolorirá… ♫
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